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quarta-feira, 29 de maio de 2013

livre...



Passei os últimos dias lendo esse livro por influencia do meu pai, ele disse apenas que eu devia ler, não me obrigou a nada e não me contou nada. Surpresa minha foi me ver no livro, nas primeiras paginas parecia que ele tivesse sido feito para mim e que meu pai em sua benevolência sabedoria havia visto um resquício de similaridade entre eu e "Sidarta". (Protagonista)

Me chamava mais e mais a atenção, a ponto de não conseguir ler o livro de uma vez, sentia que precisava ler aos poucos e absorver cada pedaço de pensamento que afligia o personagem e sua capacidade em se tornar sempre um novo Sidarta. O peso da cruz era grande, tão grande que não me via mais no livro, era como se o jovem e belo Brâmane fosse idêntico a quem sou, o Samana era idêntico a minha infância, mas o Balseiro... Era ele, me sentia incapaz de pensar em alguma semelhança que me tornasse o balseiro que aprende com o mar, mas ainda sim me via em um futuro, como se Sidarta olhasse para mim como ele mesmo diz: "Com um sorriso plácido e sereno, um rosto silencioso que parecia absorver cada pedaço das palavras que eu pensava, tomando para si as suas dores e as deixando fluir como se tornassem uma com o rio."

Nas ultimas páginas parecia não ter sentido os acontecimentos, os pensamentos já haviam fugido de minha compreensão, voltei 2 3 vezes para entender a ultima conversa entre um Budista e um Balseiro, e me senti perdido como uma criança que escuta a conversa de adulto e por não ter tido nem um milésimo da experiência daquele dialogo pequeno não consegue nem mesmo imaginar o que é o que. Quando terminei de ler meu teto de razão soldada por meus sentimentos veio ao chão, Sidarta do começo do livro amadurece mesmo que o sofrimento tenha lhe feito perder tudo, ele apenas compreendia cada coisa, pensei até mesmo que o amigo mestre do Protagonista nas ultimas partes do livro era como um Deus, sereno que simplesmente some como se não pudesse morrer, como se já tivesse a eternidade para si.

Entendi que o livro é um dialogo entre muitas doutrinas, Budismo, Hinduísmo,Ateísmo e entre tantas outras moldadas de ser para ser, e que na melhor das razões chega a conclusão que tudo é errado e ao mesmo tempo tudo é certo, pois cada pedaço do que o Samana/Brâmane/Asceta/Comerciante/Balseiro é, está totalmente ligado a todas as doutrinas de tão forma, que ao saber de mais Sidarta deixa de querer conhecer e começa a aprender, descobri que palavras não são reais são apenas ilusões, mas tudo que ele via era real e por isso poderia ser amado e dela ser aprendido, mesmo que o mundo fosse apenas um triste passeio entre o Karma ou mesmo o paraíso para um pós inferno, ele apenas aprendia tudo que a vida tinha a lhe ensinar, ou melhor tudo que estava na vida qualquer coisa qualquer ser poderia ensinar a tal ponto de ser um com quem ele era, a tal ponto que uma pedra poderia ser tão sabia quanto qualquer um dos "Sidartas" que nele viveu.

E aqui estou eu, sereno, em paz com quem sou, por olhar para trás em minha vida e saber que tudo que eu sei, tudo que eu aprendi nesses poucos anos que vivi foi fruto de ouvir... Mesmo que as pessoas a minha volta não compreendam isso, como o Balseiro mestre de Sidarta diz, a vida é apenas uma mascara que aos poucos deve ser quebrada até que possa estar pronto para deixar de ser um humano sábio ou um humano leigo e se torne um pedaço de "Vida" sem uma explicação, apenas um pedaço completo da perfeição que é o mundo. Pois todos nascem com a perfeição em sua essência, e não importa a vida que viveu, o tempo que sofreu, ou mesmo o quanto foi bondoso, todos nascem alguns mais lentos outros mais rápidos por suas escolhas na vida, mas quem realmente "é" está dentro de cada um esperando que a mascara se quebre e possam olhar para cima e ver o céu como um pedaço do seu braço, olhar para a água e ver as ondar como suas pernas, sem perguntar apenas sentindo, apenas sendo.

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