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quarta-feira, 3 de abril de 2013

"O Grande Ditador" - Charles Chaplin

Esse filme foi lançado em meados dos anos 40, em plena guerra Mundial, tendo como protagonista um Ditador de um país Fictício que capturava os Judeus e os não "Arianos"... No filme acontece uma reviravolta e um dos prisioneiros judeus que era um Barbeiro no Gueto Judeu, idêntico ao Ditador, acaba trocando de lugar tendo a chance de Discursar para todo o povo daquele país, após terem sido Dominados.



Discurso Final de "O Grande Ditador" - Charlie Chapllin


"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador.Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou
conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar a todos - se possível - judeus, o gentio... negros... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros.
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas
necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedrenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. A aviação e o rádio
aproximaram-nos muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá. Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos. Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos."


Não tem mais o que ser dito depois de um Discurso desse, no filme ao terminar o discurso, Chapllin se poe a conversar com sua amada Hannah, dizendo:

"Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!."







...

Depois de ver e rever esse trecho, me peguei pensando que o Chapllin falava de um passado até que um pouco distante, diante das mudanças da época dele até hoje... Mas não importa quanto eu veja isso, não consigo sentir que o mundo do "Barbeiro Judeu" é diferente do meu, talvez não tenhamos um "Hitler" para combater, com certeza não estamos a beira do abismo humano. Mas estamos no mesmo patamar, durante a guerra se sabia contra quem lutar, infelizmente hoje temos contra quem lutar mas não conhecemos nosso inimigo. Nossa batalha está travada em um abismo escuro e sem fim, onde homens continuam achando que o "Vizinho" é um inimigo quando o verdadeiro inimigo mora em nossa alma descansando todo dia no pranto de nossa fé, repousado no amago de nosso espirito...

Nos tornamos tudo que Chapllin suplica ao seu povo no Discurso final, somos gananciosos, odiosos, escravos, insetos, bárbaros  mesquinhos. E continuamos vivendo, dia após dia, sem olhar o próprio umbigo, sem perceber que o maior problema está dentro escondido e não em outra pessoa na rua. Corrupção? Assalto? Assassinato? Somos todos  bandidos, pois corrompemos nossa alma, matamos nosso espirito, assassinamos nossa fé...e em troca viramos marionetes do desespero, aptas a lucrar e comprar, inaptas a pensar e agir. Somos a galinha dos ovos de ouro daqueles que aceitaram a desgraça e se tornaram Donas dela, uma minoria regente, jogando xadrez dia e noite com o resto do povo.


Não nasci para ser escravo, não cresci para ser empregado, por isso vivo para ser Deus... algo mais...mas nunca menos. Pelo menos para que eu possa mostrar ao meu povo que a Paz existe, assim como a liberdade e o paraíso... Quero apenas que todos se sacrifiquem, pelo o que querem, pelo o que amam, e não porque foram destinados a isso.

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