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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Alma despercebida

Como de gostume, alguns textos para todos vocês desfrutarem.

"Sorriso
Você acordara de seu perpétuo sono e abrira os olhos. Eu conseguia ver neles o despertar de um ódio empoeirado. O fato de estar sentindo e vendo o mesmo que você me da calafrios. Agora ela esta de pé diante de mim e sai quarto a fora sem sequer olhar para os lados. Seu ódio é tão absoluto que o lugar esquentava mais e mais. Quando dei os primeiros passos para sair do quarto, escuto como um sussurro em meu ouvido: "irei te caçar como uma besta vai atrás de sua comida, vou te estraçalhar como um Leão faz em seus segundos de fome, mas não se preocupe; será tudo muito rápido e limpo, não irá sentir nada." Seu olhar esta em mim agora, em seu rosto um sorriso se materializa e tudo se apaga e nada mais esta no lugar. Meus braços foram parar no ventilador de teto, as pernas perto de uma das portas. Só sobrou minha mente, que de longe pairava no ar, assistindo a tudo."


"Flores
Meu café antes borbulhava calor, agora vejo-o sem vida e sabor. Olho para frente e sinto o vento gelado e reconfortante que esta cidade me proporciona. Não existem pessoas nela e nem cor, alegria ou tristeza. Ela não passa de um simples lugar de uma simples redoma. Antigamente tinha um Jardim ao meu lado esquerdo da mesa, que sempre nascia lindas e diferentes flores. Pessoas riam a toa, era uma cidade normalmente povoada. Não foi perdido "isso tudo" só; não há mais o que ver de interessante nela. Mas sempre no final irá ter eu, meu caderno, e um bom café fumegando calor nesta mesa. Às vezes caminho para o começo da cidade e vejo a placa toda coberta de neve, sei o que está escrito ali, mas ainda não entendo o porque desprezo estas letras."

"Gelo
Nos deparamos com o presente puxando meu corpo para a esquerda, meus braços ardem com o clima gelado e irregular. Hoje vejo o Lago congelado como se fosse um espelho gigante, límpido e cristalino. Pessoas passando por todos os lugares. Vejo um casal andando do outro lado do Lago, rindo e brincando um com o outros como se fossem eternas crianças em um parque, onde a hora de fechar nunca chega. Estranhamente começo a rir, me sinto bem por eles estarem bem. Estranho, mas reconfortante. Quando me dou por mim vejo que todo o gelo foi com o tempo, e o que restou foram apenas as flores, o barulho da aguá e a mim, sentado no banco daquele parque."

"Casa
Não posso renegar, renegar os meus princípios. Mas também não posso deixar reviver de novo todo aquele sentimento que alguns chamam de nobre, puro, perfeito e raro. Fui louco por experimentar uma vez.... Agora a minha própria máscara se desmancha e mostro a todos o quão podre meu corpo anda, e o quão velho. Eu ainda tento me segurar em lugares à minha volta. Não se preocupe, estou voltando para casa com a putrefação do meu corpo e insanidade."

"Velho Batente
Ele se senta, agora se da por vencido. Em questão de momentos, sua fé em qualquer que seja, seu deus ou santo, se foi. Junto com aqueles seus olhos arregalados de dor, que sentira enquanto a velha faca do destino adentrava sua carne, ela remexia lá dentro como se procurasse algo ou alguém. Enfim seu coração foi perfurado, e toda a sua essência se fora junto com suas ultimas palavras, sussurradas em pleno silencio: "Em meio aos erros existe uma lógica de que seres perfeitos não existem." Olho para aquele sangue que pingava de minhas mãos e penso: "em que mostro me tornei entre estes tempos?" A sanidade passa bem longe de mim com aqueles olhos, olhos de repugnância. Enfim abaixo a cabeça e demonstro pelo menos um sinal, de que respeito sua morte, meu querido e velho coração. Deixo aqui o meu adeus."


Não é só por que existem dores, sentimentos e vida que tudo de alguma forma vai se encaixar. Nossos corpos vão adormecer. Procure achar sua vida.

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